sábado, 14 de maio de 2011

Noite e Neblina

33 comentários:

  1. Olá pessoal!
    A meu ver, o filme Noite e Nevoeiro reforça bem a ideia de Adorno que Awschwitz não pode se repetir. Com efeito, não podemos mais admitir que um grupo de pessoas queira exterminar um outro grupo de pessoas conscientemente.
    Postem a opinião de vocês aí galera!
    Marlon

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  2. Isso está bem claro, a solução proposta por adorno é que se modifique a forma e o conteúdo do ensino de nossas crianças, se continuarmos a ensina-las que devem cumprir ordens ela o farão, mas se ensinarmos a pensarem no que estão fazendo e se isso é correto elas terão uma capacidade crítica maior.
    outro ponto bem tratado é quanto a banalização do ocorrido bem como sua naturalização, as pessoas por pouco tempo comentaram que era um horror depois que a poeira abaixou comenta-se muito pouco a respeito do holocausto, e como se fosse um problema que não ira mais acontecer independente do prosseguimento que dermos a nossas vidas.
    renato saad

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  3. “A guerra adormeceu, um olho sempre aberto.”

    Esta frase retirada do documentário Noite e Neblina, de Alain Resnais, revela a precaução e o estado de alerta perante algo que não morreu. Ela continua viva e em estado latente, como uma semente prestes a germinar... há de se manter o olho aberto, portanto, há de se vigiar a nós mesmos para que ela não se repita. Parafraseando Theodor W. Adorno, “a exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação”. Nesse sentido, Adorno tenta mostrar que a educação é esse olho sempre aberto, em vigília, que conscientiza que o passado ainda está no presente e que pode ser o futuro. A educação como ferramenta de emancipação, de auto-reflexão, de conscientização contra a mera razão instrumental em detrimento de uma formação humanística do ser. Assim, se segundo Resnais a guerra está apenas adormecida, a educação para Adorno deve permitir os olhos sempre abertos para que tal horror não se repita.

    Elizabeth AMF De Sant'Anna e Felipe Alves de Oliveira

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  4. Olá pessoal, minha análise ficou um pouco extensa, mas achei interessante essa abordagem.Obrigada pela atenção.

    O corpo nos campos de concentração está sobre tortuoso castigo. A própria instabilidade de vida dos civis capturados, naquele momento, causa-lhes também a tortura psicológica ininterrupta. O corpo e a "alma" está sobre a vigilância do Estado totalitário, é ele que pontua a vida e a morte dessas pessoas sobre o racionalismo que lhe compete. Arquiteta-se toda a máquina, ela se torna fluida...

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  5. ...ela se torna vigente das aspirações nacionalistas levadas às últimas conseqüências: da educação pela força. Desse modo, é inescrupuloso trazermos ao presente essa vivência traumática da experiência do passado, a história como mestra da vida já não nos orienta como orientava os pré-modernos. Mas, os erros do passado, como os crimes contra a humanidade, não nos permitiria como homens, a imparcialidade. A herança como mostra Theodor W. Adorno pode estar nas ações mais perspicazes do poder, pautadas na idéia de tradição, mas o importante é não legitimar tais atos totalitários no presente. Esquecer-se ou abster-se, nos levaria as experiências negativas, o homem pelo poder talvez torne qualquer ação justificável, mas, as marcas do passado são expressivas e estão dadas, sua assimilação ao presente pela abstenção nos traria de volta a tais experiências calamitosas. A história perderia a razão de ser, se o próprio homem se destituísse de qualquer coisa que a tornasse em si útil, de uma opinião muito pessoal, penso muitas vezes recorrer a história para um exercício da memória, como disse Jöhn Rüsen: “A memória torna o passado significativo, o mantém vivo e o torna uma parte essencial da orientação cultural da vida presente. Essa orientação inclui uma perspectiva futura e uma direção que molde todas as atividades e sofrimentos humanos. A história é uma forma elaborada de memória, ela vai além dos limites de uma vida individual” (RÜSEN, 2009:164)

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  7. Estou gostando muito dos comentários!!!!! O filme de Resnais (1954) é, ao meu ver, definitivamente um clássico. Podemos perceber nele, por exemplo, a exposição de uma razão instrumentalizada à la Adorno. A ideia de eficácia e as minúcias da construção de uma máquina para a tortura e para a morte - como eram os campos de concentração. Tudo era calculadamente pensado, racionalizado ao extremo, não há melhor exemplo de barbárie num mundo que se diz civilizado e guiado pela razão. Outro filme obrigatório, para quem deseja entender melhor esse momento é "O triunfo da vontade" da diretora alemã Leni Riefenstahl. http://www.youtube.com/watch?v=j1HBl87IBe0 Quando vcs começarem a achar bonito certa ordem e disciplina mostrada pelo filme, comecem a pensar quanto de simpatia fascista pode haver entre nós mesmos. Bjs, Janaína.

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  9. . No filme é retratado o massacre ocorrido nas câmaras de Gás e crematórios de Auschwitz, Birkenal, Dachal, Manjdanek entre outros. Um massacre justificado pela supremacia da Raça Ariana, uma ideologia cega e um nacionalismo fervoroso.
    Adorno propõe desmascara o que o sistema e a ideologia querem encobrir. Durante o período onde o regime do Terceiro Reich esteve no poder houve uma expulsão e marginalização de tudo que era diferente ao sistema.O diferente é mal e digno de perseguição. Esse seria um dos moldes no qual se desenvolveria lugares como Auschwitz e Birkenal.
    Urge citar, por exemplo, Goebbels e Himmler, o primeiro responsável pela propaganda Nazista, e o segundo pela cultura. A propaganda Nazi era altamente alienativa e marcante. Para Adorno a industria cultural é um mecanismo de manipulação de consciências, usada pelo sistema para conserva, se manter ou submeter os indivíduos.
    O texto de Adorno tenta justamente desperta uma idéia da importância da educação para que outra Auschwitz não aconteça. A educação deve ter um papel emancipatório, evitando que as pessoas continuem sendo guiados cegamente por um ideal heterônomo, justificado por ritos e costume.

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  10. O documentário exemplifica muito bem o que adorno nos mostra em relação a emancipação , baseada nos pensamentos kantianos no texto "Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?". Para Adorno , na sua obra "Educação e emancipação" , "democracia repousa na formação da vontade de cada um em particular, tal como ela se sintetiza na instituição das eleições
    representativas para evitar um resultado irracional"(p.169)e quando essa racionalidade se perde , devido à menoridade , ideais tiranos podem ganhar força e casos como os relatados por Alain Resnais se serem de certa forma ou justificados ou omitidos desses indivíduos desprovidos de um certo Esclarecimento .

    Glauber

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  11. A partir da monstruosidade detectada no documentário, é evidente a necessidade de uma construção crítica na educação do indivíduo. A individualidade crítica não acontece em detrimento da vida em comum, ao contrário, ela se realiza pela necessidade de um movimento de renovação de características próprias da vida em sociedade. O produto dessa sociedade não deveria ser imposto como "carapuça" - metaforicamente no sentido medieval do termo - à pessoa. Contudo é possivel criticar de maneira tão incisiva esse produto social, que para os sociólogos é algo que se "sobrepõe ao indíviduo"? E nesse contexto poderíamos ainda questionar o papel da própria escola. Apesar de ter colocado a questão macro - sociedade - minha intenção é entrever qual a posição do indivíduo nessa situação. Onde ele se coloca em Auschwitz? Se não há culpados, como podemos ouvir, quem são as vítimas? Ou melhor: elas existem? Não podemos, também, aplicar essas questões ao dias atuais? E a resposta... nos daria a tranquila certeza de que Auscchwitz estaria encerrado no passado? Tenho a certeza que não. Simplesmente porque nossos compromissos jurídcos e não jurídicos, como aponta Adorno, nos impediriam de levantar tais questões. Embasados em qual experiência os algozes de auschwitz entendiam a alteridade?
    E nós... a partir de qual experiencia entendemos o "eu" e o "outro"?
    Leonardo

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  12. Certamente não foi debalde a atenção dada por Adorno às manipulações das massas e, mais precisamente, ao nazismo. O substrato de sua obra encontra-se justamente na disposição em transpor os traumas, entrando em contato com questões que, aparentemente, adormeceram e se assentaram após o grande torvelinho. Uma coisa é digna de nota, a preocupação com que Auschwitz não se repita é indubitavelmente pertinente. Se analisarmos as atuais circunstâncias nas quais estamos inseridos, torna-se clarividente que o "véu tecnológico" que tudo abarca traz consigo a consciência coisificada, o império da técnica e sua utilização irracional, exagerada e, sobretudo, de caráter patogênico. Segundo Karl Popper e Bernardo Beiguelman, os perigos inerentes as tecnologias são comparáveis aos do totalitarismo; em linhas gerais, a vigente engenharia tecnológica que rastreia o genoma humano com a finalidade de substituir os genes que possuem anomalias hereditárias, assim como a pressão social por óvulos perfeitos, embriões perfeitos, fetos perfeitos e crianças perfeitas, não se assemelham, afinal, ao preconceito e intolerância nazistas frente aos incapacitados? Essa empreitada rumo ao "melhoramento genético" não nos remete àquela rumo a uma civilização eugênica? Assim como o nacionalismo ressurgente, essas tecnologias não serão, portanto, apenas o bocejar do monstro que sutilmente acorda e se levanta?
    Devido a essas questões, é imprescindível vencer a fúria organizativa, superar a manipulação, seguir o encalço da autonomia e do Esclarecimento, inclinar-se a refletir sobre a educação, para que, ao contrário do que pressupôs Paul Valery, a desumanidade não tenha um grande futuro.

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  13. O documentário Noite e Neblina faz refletir à cerca dos genocídios ocorridos nos campos de concentração e os métodos de educação que fazem com que homens venham a despertar impulsos agressivos em vez de serem domados.
    Adorno relaciona a barbárie com os acontecimentos ocorridos na Alemanha no séc xx, pois, para ele é a mais horrível explosão de barbárie já ocorrida, o terceiro Reich. Porém, ele afirma que este fato está presente em todo mundo e nos mostra que a meta principal da educação é evitar tal barbárie através da busca da emancipação, de uma educação dirigida à auto-reflexão e centrada na primeira infância, pois a educação autoritária pautada pela severidade e pela disciplina militar é condição propícia para a barbárie, esta forma um caráter frio, duro,manipulador, capaz de suportar a dor e infligir a dor nos outros. A Insensibilidade é indício das pessoas desprovidas de autoconsciência e, portanto autoritárias, desprovidas de emoções e detentoras de uma consciência “coisificada” transformando si mesmas e os outros em “coisas” levando ao estado de desumanização. Para Adorno, tentar justificar tal “barbárie” teria algo de monstruoso sendo assim não necessário justificar, mas procurar formas educativas adequadas para que tal barbárie novamente não venha a ocorrer .

    deyvid

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  14. Ícaro Fica claro no texto do Adorno sua preocupação com a repetição do que aconteceu em campos como Auschwitz, Birkenal, Dachal, e Manjdanek, dentre outros, tão bem exemplificados no curta "Noite e Neblina", de Alain Resnais. Mas o que me chamou atenção é que se Adorno se preocupa tanto com o que aconteceu nestes campos e principalmente no de Auschwitz, a ponto de tomá-lo como exemplo, é portanto a real possibilidade de uma repetição deste ocorrido. A sociedade perdeu a capacidade de se espantar a tal ponto de, se não pela relatividade do óbvio, tornar-se necessário relembrar, como muito bem fez Adorno, Resnais e outros do autores do massacre e da monstruosidade ocorrida nos campos de concentração por meio do nazismo. Trazendo esta questão para os dias atuais, e se houvesse um "bolão" sobre qual país estaria mais próximo de repetir tal "façanha", eu apostaria minhas fichas na França. Fica claro que se T. Adorno teme e repreende a repetição, é porque há a possibilidade dela acontecer.

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  15. Eventos como os de Auschwitz deixam para sempre marcas profundas na historia da humanidade, a marca da violência, da intolerância, do egoísmo, do desamparo, da desvalorização da vida. É realmente inaceitável pensar que um ideal bem trabalhado, conseguiu tornar possível a criação de uma cultura gerada para o mal, e fez com que este ideal perpetuasse no imaginário de cada alemão, fazendo-os crer que a vida de outros pode ser tirada, sem escrúpulos, para a defesa de um ideal. A quem devemos atribuir à culpa? Estavam todos cegos? Já achavam a repressão contar os judeus normal ?
    Em linhas gerais, trabalhando com a idéia central do texto de Adorno, o autor propõe mostrar o papel da educação na formação de uma consciência critica, e mostrar como a educação age na tentativa de evitar que eventos desastrosos, como os de Auschwitz, se repitam.
    Ao trabalhar com a proposta do documentário e avaliar a teoria de Adorno, posso perceber o principal papel da educação para a sociedade, a educação que visa introduzir no imaginários das pessoas uma consciência critica desprovida de uma ideologia que o mundo externo impõe sem que nós façamos uma reflexão. E é este o principal papel da educação: criar seres conscientes capazes de distinguir o certo do errado sem se submetem a pressões exteriores e utilizando da consciência crítica.

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  16. acho que ficou grande e nem sei como discutir ainda, portanto vou só jogar a minha discussão tambem.. valeu galera, abç
    Quanto a isso podemos refletir o porquê da educação. Não pensando exclusivamente nos nazistas, mas, se um estado mesmo que forte não investe na educação propiciadora de indivíduos emancipados, honrosos, éticos de nada vale educar, ou melhor, de nada vale intelectualizar, pois essa opção levaria a uma sociedade mais ignorante que aquela com valores simples. Esse seria o ponto que leva Adorno a pensar que a civilização cria uma anti-civilização quando não levada de forma séria e respeitosa. É claro que a proposta parece difícil, porém, é uma forma que se aproxima da proposta para uma sociedade ideal, constituída por indivíduos com valores rígidos e disciplinados compromissados apenas com a vida.
    Adorno fala da questão básica para a possibilidade da educação emancipatória, a educação infantil. Como tudo que se constrói é necessário ter início nas bases às crianças devem ser as primeiras atingidas, devem ser instigadas e não apenas para intelectualiza-las mas antes para a ética e a honestidade com seu próprio eu, de forma a poder enxergar sem lentes o eu no outro.

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  17. Bem, a análise do texto e do filme foi feita por mim e pela Letícia Ferraz, ficou extensa também, mas acho que dá para postar tudo.

    Segundo Theodor W. Adorno, a barbárie é um processo anticivilizatório, porém de acordo com a teoria freudiana, esse processo está contido na gênese da civilização. O que Adorno coloca é que Auschwitz não foi uma ação regressiva, mas a regressão em si e propõe que somente a educação e a emancipação podem prevenir que a barbárie de Auschwitz se repita. Para o autor, a educação é emancipadora e tem como objetivo impedir o retorno da barbárie.
    A emancipação é a capacidade de autonomia do sujeito, sendo, portanto, o fator responsável por impedir a “coisificação da consciência”, ou seja, através da emancipação o indivíduo é capaz de discernir entre o certo e o errado e assim impedir o retorno de Auschwitz. Adorno coloca ainda que essa característica emancipadora deve ser desenvolvida logo na primeira infância, visto que este é o período fundamental para a formação de pessoas capazes de evitarem o silêncio frente ao terror e a manipulação em massa articulada pelos líderes totalitários.
    No filme “Noite e Nevoeiro” (1954), de Alain Resnais, é tratada a questão da manipulação das massas e do domínio do totalitarismo sobre estas. O filme mostra como era o funcionamento dos campos de concentração e usa como exemplo Auschwitz. Sob o contexto histórico da II Guerra Mundial, Resnais apresenta a total submissão tanto dos deportados quanto dos comandantes do Kapo e da SS, diante da autoridade nazista. “Eu não sou responsável!” dizem os culpados, e assim se livram da acusação de algozes.
    Pode-se concluir que o filme corrobora com a teoria de Theodor W. Adorno quando este propõe que a falta de consciência é a causadora da barbárie. O que Adorno afirma é que a educação e a emancipação são responsáveis pela conscientização e racionalização do indivíduo que em face destas impede que o horror de Auschwitz seja repetido na sociedade atual.

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  18. Humilhação, submissão, repressão, campos de concentração... Barbárie talvez seja a palavra que sintetiza de maneira objetiva o que se passa em um campo de concentração nazista. Um aglomerado de seres humanos, condicionados até lá através da imposição de forças superiores que, raciocinam estruturas de alojamento e alimentação com o objetivo final de simplesmente eliminar todo esse contingente humano do planeta. Um processo cautelosamente analisado, com disputas empresariais em prol de quem produz o melhor e mais lucrativo campo, administrado por uma força militar submissa a um pensamento coletivo fascista, submisso, que, quando questionada sobre sua responsabilidade sempre diz: “eu não sou responsável”.
    Tal situação é melhor discutida se, enquadrada dentro do paralelo existente entre o visual do documentário Noite e Nevoeiro (1954) de Alain Resnais e a Educação após Auschwitz, estabelecida no texto de Theodor W. Adorno.

    Dois pontos devem ser levados a sério: “O desejo de que o ocorrido em Auschwitz jamais se repita” e “A possibilidade de uma barbárie semelhante se repetir”. O que ocorreu nos campos, todos conseguem ver. A compreensão de tal situação já atinge um grau de análise um pouco maior. Porém, o desejo de que isso jamais ocorra novamente é o que deve ser levado a pratica. Segundo Adorno, a educação é o foco. Principalmente nas bases infantis, sem deixar de lado o campo – devido a dificuldade de acesso a informação existente, e a fragilidade do pensamento coletivo camponês, facilmente submetido ao autoritarismo de líderes. Este campo, proposto por Adorno, a meu ver, pode ser substituído ou somado pela massa periférica e, a dificuldade de acesso a informação, deve ser aumentada ao grau de “dificuldade de esclarecimento perante a informação”. A missão do educador foca-se em solucionar tais problemas.

    Portanto o pensamento do educador deve elevar essa possibilidade de repetição de tal situação a um grau ainda maior e assim, tratar de maneira adequada aqueles que passam pela sua educação, buscando levar sua dialética ao perímetro mais distante. Não há dúvidas, a ressurreição da barbárie é um fantasma social.


    Guilherme Norton.

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  19. Até aonde o homem é capaz de ir em nome de uma ideologia?
    O coletivo se coloca em marcha, sem questionamentos, apenas seguem o fluxo e elegem os culpados por suas mazelas, pois o inferno sempre são os outros. Homens raspados, tatuados, numerados, seguindo a mesma moda em Auschwitz, Belsen, Dachau, Struthof, Oranienburg, Ravensbruck. Olhe para esses campos de concentração e veja em que situação o homem deixou o outro homem , isso é um homem?
    O princípio de civilização traz consigo a barbárie, barbárie essa que serve de instrumento mutilador, utilizado na conveniência de um juízo de valor. É nesse contexto que se fundamenta a necessidade de superar um trauma e trazer próximo a nós a memória (essa importância pode ser interpretada como função da educação) a fim de construir uma consciência capaz de nos livrar de “baobás” do passado.
    Anderson Luiz de Oliveira

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  20. Tão importante quanto a retratação de uma realidade extremamente cruel e sua disseminação através de imagens que chocam e testemunham fielmente o acontecido durante o holocausto, como visto no filme “Noite e Nevoeiro” (1954), e a produção de teorias de cunho acadêmico para a tentativa de se defender veementemente a não repetição de tal barbárie, como fez Adorno em “Educação e Emancipação”, é pensarmos de que maneira podemos agir ou tratar do assunto de forma a nos asseguramos de que tal crime contra a humanidade não venha a acontecer novamente, pensando principalmente no papel da educação na formação de uma sociedade e de um indivíduo.
    É de fundamental importância entender que e educação é um instrumento dos mais eficazes, se não o mais, no controle da conduta dos indivíduos tanto em um meio coletivo, quanto em um individual, e principalmente no primeiro. A passagem de valores, culturas, princípios, padrões comportamentais, etc, que nos parece algo tão abstrato, se torna bastante real e complexo quando paramos para analisar o processo educacional de uma pessoa. Formar uma pessoa crítica, que seja capaz de discernir o certo do errado e de, por exemplo, analisar e condenar um crime de grandes proporções contra a humanidade, como visto em Auschwitz, Belsen, Dachau, Struthof, Oranienburg, Ravensbruck é um dos objetivos principais desse processo apontado por Adorno. Mas, de que forma a educação serviria como a solução para esse impasse, como serviria para essa conscientização?
    A solução apontada por Adorno para essa tomada de consciência, e muito próxima ao conceito de maioridade/emancipação kantiano, dá à educação um papel essencial no mundo – seria ela sua responsável. Seria através dessa conscientização que o indivíduo tomaria conhecimento de seus atos e suas conseqüências enquanto um ser autônomo, não tutelado; e seria a partir desta que o indivíduo reconheceria os mecanismos que fariam com que as pessoas fossem capazes de cometer tamanhos abusos e atrocidades com as demais, fazendo assim com que o despertar de uma consciência mais geral revelasse também mecanismos que contribuiriam justamente para o rumo posto, a não realização dessas ações.
    Dessa forma, trazendo essa analise para a realidade, é importante pensarmos a constituição da educação em nossos dias, o que deve ser mantido, o que deve ser modificado e como podermos lidar com a questão da tutelagem envolvida, e mais ainda, de que forma podemos trabalhar a questão da emancipação, para que esta se dê de forma autônoma, racional e consciente, e que desenvolva cada vez mais o pensamento humano, afastando gradativamente a sombra dessa grande regressão na trajetória humana, a barbárie da Segunda Guerra Mundial.


    Ana Paula Carvalho.

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  21. Theodor W. Adorno em seu livro Educação e Emancipação disserta sobre o comportamento humano no âmbito da educação e da sociedade, descrevendo minuciosamente o que levaria o homem a agir com tal crueldade e frieza como ocorridos em Auschwitz, realidade também retratada no filme Noite e Nevoeiro (1954) de Alain Resnais.
    Adorno tenta mostrar que somente através da educação pode-se evitar que se repita tamanha barbárie. Uma de suas idéias centrais é a discussão sobre quem foi o culpado das ações praticadas pelos nazistas, mostrando como a pressão que o dominante exerce sobre o individuo o faz perder sua resistência e ceder.
    Ao se referir a educação Adorno enfatiza duas questões: a primeira diz respeito à educação infantil, sobretudo na primeira infância; a segunda ao esclarecimento geral, em que somente alguém emancipado, esclarecido e fazendo uso racional de suas faculdades, poderá não promover a barbárie.

    É preciso reconhecer os mecanismos que tornam as pessoas capazes de cometer tais atos, é preciso revelar tais mecanismos a eles próprios, procurando impedir que se tornem novamente capazes de tais atos na medida em que se desperta uma consciência geral acerca desses mecanismos. Os culpados não são os assassinados, nem mesmo naquele sentido caricato e sofista que ainda hoje seria do agrado de alguns. Culpados são unicamente os que, desprovidos de consciências, voltaram contra aqueles seu ódio e sua fúria agressiva. É necessário contrapor-se a uma tal ausência de consciência, é preciso evitar que as pessoas golpeiem para os lados sem refletir a respeito de si próprias. A Educação tem sentido unicamente como educação dirigida a uma auto-reflexão critica.

    Um dos aspectos retratados pelo autor é a figura do líder manipulador, onde nem por um segundo sequer ele imagina o mundo diferente do que ele é. Theodor Adorno denomina-o como tendo uma consciência coisificada, em que ao se autodenominar “coisa” passa a enxergar as pessoas da mesma forma. No filme é mostrado exatamente essa coisificação do ser humano ao mostrar a utilidade que os corpos das pessoas aprisionadas nos campos de concentração tinham após a sua morte, desde de seus cabelos até a estrutura óssea.
    O autor critica a severidade contida na educação tradicional, pois em sua visão a pessoa se torna masoquista e conseqüentemente sádica. Pois, “quem é severo com sigo mesmo adquire o direito de ser severo também com os outros, vingando-se da dor cujas manifestações precisou ocultar e reprimir.”
    Essas pessoas envolvidas nas lideranças fascistas são inteiramente frias mantendo com os deportados uma relação distante. A indiferença existente entre as pessoas foi o que possibilitou a tragédia de Auschwitz. Uma maneira de se evitar a frieza é trabalhando o individual melhor através da educação na infância, o autor coloca que é mais agradável pensar que quanto menos se erra na educação primaria menor é a chance do indivíduo tornar-se um adulto sádico.
    Mesmo antes da segunda guerra mundial Paul Valéry disse que “que a desumanidade teria um grande futuro” que falta o amor e respeito entre as pessoas poderia trazer outras tragédias como a dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial. Uma importante proposta do autor é que “o centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se repita. Isto só será possível na medida em que ela se ocupe da mais importante das questões sem receio de contrariar quaisquer potencias”.



    Diego Azevedo Campos;
    Fhabiene Carvalho de Castro;
    Samantha Blazizza;
    Samira Maria Veloso de Freitas;
    Stephanie Martins de Sousa;
    Valéria Dal Cim Fernandes.

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  22. Acredito que a frase salientada lá em cima pela Elizabeth e o Felipe Alves: “A guerra adormeceu, um olho sempre aberto” resume bem o objetivo do documentário e sintetiza as palavras de Adorno, ou seja, existe uma necessidade constante de se produzir memória; Auschwitz não pode cair no rio Lete do esquecimento. Através da formação escolar que essa memória produzida é passada adiante, sendo objetivo promove-la para que Shoa e os campos de concentração não caiam em esquecimento; afinal, não esquecer é manter-se de olhos abertos: “E também quando lembrarmos que o primeiro sentido da palavra grega “sèma” é justamente o de túmulo, de sepultura, desse signo ou desse rastro que os homens inscrevem em memória dos mortos – esses mortos que o poeta e o historiador, nas palavras de Heródoto, não podem “deixar cair no esquecimento” (GAGNEBIN, 2006: p. 53).

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  23. Através de imagens pesadas, impactantes se choca e faz queimar no imaginário, de como foi cruel e devastador toda funcionalidade da maquina nazi nos campos de concentração. O documentário revela toda banalidade do ser humano para com o outro em busca de uma igualdade acima de qualquer custo. Somente o trabalho focado na educação como foi citado por Adorno será capaz de alertar e conscientizar para que tal extermínio não volte a se repetir. Trata se de uma realidade que pode parecer distante, mas que ainda assombra nossas cabeças. Toda uma estrutura criada unicamente para humilhar, reprimir e destruir tudo o se coloca se contra sua evolução.

    Luiz César

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  24. “...a água fria das marés e das minas enchem os buracos onde se encontravam os cadáveres. Uma água fria e opaca como a nossa péssima memória.”

    Noite e nevoeiro mostra o exemplo de (não) educação que deveria ser levado a todos. Uma história que não deve ser seguida e jamais deve ser esquecida. A sensação que tive ao assistir o filme foi de culpa, pois nós seres humanos, direta ou indiretamente, somos responsáveis por barbáries como o holocausto. É necessário sempre lembrar e estudar não somente no campo histórico acontecimentos como este, mas no campo sociológico e filosófico também. As pessoas, ao contrário do que acontece, precisam fazer uma reflexão sobre monstruosidades como esta e se sentirem tocados de alguma forma a não seguirem este exemplo. Afinal, estamos educando seres humanos ou máquinas de guerra e ódio?

    Flávio B. Reis

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  25. com os ossos...adubo
    com o cabelo...tecido
    com o corpo...sabão

    Através do filme Noite e neblina podemos constatar o sub-produto originado da barbárie humana.Além de serem explorados nos campos de concentração como verdadeiros escravos,observamos sua dignidade ser ferida mesmo após a morte.Os nazistas além de tudo que fizeram com os judeus nos campos de concentração,aproveitavam o corpo humano desprezado para financiarem sua guerra.Através de restos mortais os nazistas desenvolviam produtos para os mesmos gerarem dinheiro para o financio da guerra.Podemos a partir do texto de Adorno fazer uma relação entre disciplina e educação,educação significa toda transmissão de conhecimento,porém se essa transferência de conhecimento for feita a partir de lavagem cerebral e sem senso crítico temos um grande problema,pois barbáries vistas no filme Noite e neblina podem ocorrer novamente na sociedade se a educação não tiver carácter emancipador crítico.Podemos relacionar também o texto de Adorno ao filme "A Onda"(Die Welle, Alemanha, 2008) de Dennis Gansel onde há uma experiência de fascismo exacerbado por parte de um educador,ou seja,é algo muito perigoso quando educação e disciplina exagerada sem crítica se encontram.

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  26. A maioria dos comentários apresentados mostram revolta e horror com o acontecido. A Auschwitz foi uma regressão à barbárie e nos faz refletir a direção da educação. Milhões de pessoas inocentes morreram de forma planejada, o que manifesta uma tendencia social imperativa e um nacionalismo agressor onde um grupo desprovido de consciência, seduzidos pelo então "líder" Hitler, tenta exterminar um outro grupo. Com isso, Adorno traz a proposta de nos concentrarmos na primeira infância, onde não devemos ensinar as crianças a cumprirem ordens e sim leva-las a pensarem no que é correto, assim ativaremos a auto reflexão. Isso seria o primeiro passo para evitar esses tipos de acontecimentos.


    Elisa Pires Leão.

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  27. A tentativa de dizimar um povo sempre houve, porém nunca foi levada a proporções tão devastadoras, nem feita de forma planejada e em série como durante a Segunda Guerra Mundial nos campos de concentração nazistas.
    O que Adorno nos diz é que somente a partir da educação e do ensinamento do pensamento crítico, fazendo com que as pessoas tenham consciência de cada ato é que podemos evitar que esse tipo de barbárie volte a acontecer. O texto de Adorno caminha juntamente com o de Cayrol, o narrador.
    O que Resnais quer passar não é somente os horrores do holocausto e nem dizer para nós não esquecermos dele. Mas, principalmente, nos fazer questionar o que levou até aquilo, tentar entender o porquê.
    Cayrol nos diz para tomarmos cuidado para não esquecer o que houve, diz que o esquecimento é perigoso. Pois como nos diria a personagem de Emmanuelle Riva em “Hiroshima Meu Amor” (também de Alain Resnais), o tempo ameaça não preservar nada mais além do nome, ou talvez nem o nome.
    Uma das características que facilitou o extermínio de mais de oito milhões de pessoas pelo nazismo foi a invisibilidade dos campos. Resnais então, tenta fazer o inverso, tenta tirar dessa invisibilidade – um tanto quanto mal explicada pela história – o massacre. Pega imagens dos campos e tenta recontextualizá-las, mostrando-as ao lado de imagens, coloridas e em movimentos, do campo de concentração já inabitado, sendo coberto pela grama. Resnais mostra ser capaz de um rigor onde até mesmo a historiografia parecia dar passos incertos. É como se cada imagem de Noite e Neblina acompanhada pelas falas do narrador desse forma à uma crise de consciência.


    Mariana Piacentini

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  28. Olá Pessoal; segue abaixo o comentário do João Eustáquio.


    Os 32 minutos de Noite e Nevoeiro muito se diz acerca do horror do assassinato em massa, sobrevivência e morte, a passagem do tempo e o desafio de memória. Certamente deve haver preenchido de forma clara, indicando o fenômeno específico de campo de concentração de judeus. Mas a surpresa admiravelmente em fotos por Alain Resnais, em 1956, sempre graves e de alerta, como as palavras de Jean Cayrol sobre as ruínas de um crematório, "Qual de nós relógios ao longo deste crematório estranho para nos alertar sobre a vinda de novos carrascos [...] que nós não pensamos que olhar ao nosso redor e não ouvimos gritos indefinidamente." O filme configura como um resumo do dilema fundamental de frente para a concentração fenômeno e extermínio de judeus europeus pelos nazistas: como contabilizar? Como continuar não falando sem cair na banalização do horror? Deste ponto de vista, Noite e Nevoeiro continua a ser um transportar inigualável. O cruzamento entre imagens coloridas filmado em 1955 e imagens de arquivo em preto e branco, coloca o seu constante em perspectiva pelo comentário sóbrio e informativo por Michel Bouquet. O crescimento gradativo de exposição de imagens de terror dar ao filme uma força surpreendente. Ao mesmo tempo, marca um momento particular na história da memória da deportação.
    João Eustáquio Evangelista de Paula

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  29. Concordo com as palavras de Pedro Montebello, ao relacionar a humilhação e exploração dos judeus mesmo após a morte com a criação de subprodutos de seus restos humanos! O documentário é realmente cru e um tanto chocante, mas não podemos nos esquecer que está expondo uma visão ocidental do holocausto.

    Com relação ao filme e os textos abordados em aula: o texto de Adorno coloca a temática do holocausto em questão sob uma visão da educação.
    O extermínio de judeus em massa seria o fruto de uma falta de consciência crítica que abateu coletivamente os alemães. Adorno critica duramente o uso da violência e o coletivismo ideológico, pois segundo ele, esses fatores anulam o todo o processo de conscientização da educação.

    Lucas Prates da Silva 09.2.3005

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  30. Choque... por várias vezes fechei os olhos ao ver esse documentário. Desse jeito esperava, inconscientemente, atenuar os sentimentos que tive ao ver essas cenas, que de tão reais nos despertam para esse terror que assombra a sociedade atual.
    Percebo o documentário como um alerta, expresso brilhantemente na frase: "Um olho aberto." resta saber se realmente abrimos os olhos para as ameaças.Nesse mundo de preconceitos e exclusões, cabe a nos mantermos essa memória por vezes "indigesta" mas necessária.
    Isabella Duarte 07.2.3052

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  31. O documentário nos faz refletir sobre como o ser humano é cruel e um “coisificador” de situações que se importa consigo mesmo. Por isso as imagens são tão chocantes, mostram o horror que significou tudo aquilo, são também um alerta para que não corramos os riscos de que tudo se repita. A educação é um dos meios para que o ser humano seja mais consciente e se torne emancipado, com um compromisso de ser cada vez mais humano, menos egoísta, irracional e “coisificador”.

    Lívia Caroline Gomes (Matrícula 08.1.3153)

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  32. As imagens em preto e branco refletem a dor agonia de pessoas que perderam sua dignidade, pessoas que estavam alienadas do tempo, afinal o único tempo e momento que existiam para elas eram aqueles nos campos de concentração.
    A vida não tinha mas tanto valor, era transformada em sabão. Os ideais de um homem marcou para sempre a humanidade.Hitler mostrou a onde se pode chegar com o preconceito e com a barbárie.Nessas horas vemos a educação, reforçando a ideologia dominante, o sendo o seu papel naquele momento o de difusor dos ideais nazistas.

    Karolina Rodrigues Vasconcelos (matrícula 10.1.3189)

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  33. Concordo com os comentários de vários de vocês que acreditam na educação como uma forma de emancipação, esses campos de concentração ferem os direitos dos seres humanos como seres, ao ver o documentário por diversas vezes não acreditei no que estava vendo, isso nos mostra onde o preconceito pode chegar. Por isso precisamos pensar na educação como a formação de um ser dentro de uma sociedade que é composta por diferenças, e precisamos aprender a respeita-las.

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